Tem dança aberta a todos os corpos moventes que queiram trocar experiências no final de maio no Recife. Nos próximos dias 29, 30 e 31, o Coletivo Lugar Comum inaugura o projeto independente “Mantendo Contato”, que vai promover mensalmente Jam´s de Contato Improvisação e, esporadicamente, oficinas com nomes importantes na pesquisa da prática do Contato do Brasil e de outros lugares do mundo. A primeira oficina trará à capital pernambucana Hugo Leonardo Silva, da Bahia.
Hugo Leonardo dedica-se ao Contato Improvisação desde 2001, tendo atuado nos últimos anos em eventos nacionais e internacionais relacionados a esta prática, bem como em espetáculos e companhias independentes de dança contemporânea, tais qual o Grupo X de improvisação em Dança (BA) e o Grupo de Pesquisa Poéticas Tecnológicas: corpoaudivisual (IHAC-UFBA). É idealizador e diretor artístico do EmComTato Festival de Contato Improvisação da Bahia (2010, 2012, 2013). Mestre em Dança e Doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia. Autor dos livros “Poética da Oportunidade: Estruturas Coreográficas Abertas à Improvisação”, publicado pela EDUFBA (2009), e “Desabituação Compartilhada: contato improvisação, jogo de dança e vertigem”, Selo A Editora (2014).
A programação do encontro começa com a oficina, na sexta (29), das 19h às 22h; sábado (30), das 14h às 17h e domingo (31), também das 14h às 17h. A inscrição pode ser feita preenchendo o formulário disponível neste link. O valor da oficina é R$ 100,00. No domingo, encerrando esta primeira ação do “Mantendo Contato”, o Coletivo realiza uma Jam de Contato Improvisação a partir das 17h. O ingresso segue a proposta “Pague quanto puder”, é você quem escolhe quanto pagará para garantir a sua entrada.
Uma Jam de Contato Improvisação se configura como um espaço livre de compartilhamento e por isso não precisa ser bailarino para participar, é só chegar. O Coletivo Lugar Comum, coletivo de artistas pernambucanos formado em 2007 no Recife, vem realizando periodicamente Jam´s de Contato Imprivisação há três anos, desde 2011, desbravando um território onde os corpos moventes possam trocar experiências diversas.
O termo Jam vem da expressão jazz after midnight, quando os músicos de jazz americanos passaram a se encontrar depois do trabalho para improvisar livremente. Depois o termo Jam Session passou a ser usado também para os encontros de prática livre de Contato Improvisação. As Jam´s de dança são um espaço para o livre improviso de movimentos a partir do contato corporal. A Jam é um espaço de experimentações que promove compartilhamentos de criadores e público, num diálogo aberto entre corpos, estimulando a pesquisa prática em dança e propiciando novas vivências aos corpos, tenham ou não experiência na arte do movimento. Quem assiste a uma Jam de Contato Improvisação pode participar dançando, entrando e saindo da roda quando quiser; ou acompanhando o que se passa nos outros corpos e até mesmo no seu próprio corpo em repouso, como observador. O exercício é de encontro com a liberdade de escolhas a cada gesto vivenciado com o outro e consigo mesmo.
O Contato Improvisação foi proposto primeiramente por Steve Paxton, dançarino e coreógrafo americano, em 1972. Ele estava interessado em descobrir como a improvisação em dança poderia facilitar a interação entre os corpos, suas reações físicas, e em como proporcionar a participação igualitária das pessoas em um grupo, sem empregar arbitrariamente hierarquias sociais. Paxton chamou a dança de contact improvisation porque descrevia exatamente o que eles estavam fazendo. Ele buscava explorar os aspectos físicos no trabalho como valor neutro: o que era possível fazer, e não o que pareceria esteticamente. De acordo com Paxton, “a estética ideal do Contato Improvisação é um corpo totalmente integrado”. Steve Paxton nasceu e foi criado no Arizona, e trouxe muitas linhas de treinamento do movimento em sua dança. Foi atleta, ginasta, artista marcial e um dançarino moderno. No início de 1960, Steve dançou na companhia de Merce Cunningham e participou das transformações da dança nos anos 60 no mundo.
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